segunda-feira, 20 de abril de 2009

FANFARRÕES SEM CONSERTO - por Afonso Caligari

Fanfarrões é, antes de mais nada, um estilo de vida, um manifesto da alegria pueril dos adultos com saudade da infância. E em termos teatrais, é um trabalho dos bons, em que a graça, a melodia, o jogo de cena e as expressões corporais fazem a festa e presenteiam a platéia com sorrisos imediatos e com a emoção de estar diante de um momento mágico, já que a comédia está sendo levada a sério – por mais contraditório que seja a junção dos termos.
É isso que vemos ao nos depararmos com o novo show da Cia Os Fanfarrões: Fanfarrões sem Conserto. Em cartaz no Espaço Cultural Big Apple (novo point de humor na Barra, localizado no Shopping Barra Square, Av. das Américas, 3555) todas as sextas, às 21h30.
Os fundadores da Cia – Raul Franco e Mineirinho de Maceió – se juntaram à atriz Bianca Guedes para dar uma outra atmosfera à arte de fazer rir. Mesclando as características que a consagraram, como as famosas Pantomimas do Bochecha e da Dona de Casa, ao estilo maduro e hilário dessa atriz, Os Fanfarrões dominam o palco com maestria e elegância. E sabem muito bem criar todo um clima de show que contagia a todos.
Logo no início, eles surgem depois de uma brincadeira em off da voz que os apresenta, e fazem uma espécie de competição de aplausos, em que a própria plateia solta gritos e levanta as mãos como que saudando esses palhaços contemporâneos que têm uma única missão na noite: dar um pouco de alegria a essa plateia.
E o que vemos a seguir é algo extremamente fantasioso, visto que logo de cara vemos um bailarino dançar ao som de Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss, em ritmo bem brasileiro, quase como um sambinha da evolução, em que os Fanfarrões se metamorfoseiam em tudo quanto nossa imaginação mandar. E esse bailarino atende pelo nome de Mineirinho de Maceió, encantando a todos com seu carisma e, principalmente, o sorriso típico de um dançarino de gafieira.
O que vem a seguir é sempre mutável, porque, quase sempre, o show se modifica, há sempre uma novidade, um personagem novo ou uma paródia musical diferente. Mas a garantia de risos é sempre certa.
Podemos, inclusive, dizer que Os Fanfarrões defendem uma linha de trabalho bem peculiar e diferente de tudo o que vemos por aí em termos de comédia, porque não é simplesmente um trabalho de solos de humor, como muitos trabalhos presentes no cenário nacional. Ele acena para a linha de shows típica do teatro de revista, por exemplo. E vale dizer que isso foi a grande inspiração deles.
Os Fanfarrões buscavam algo como os entreatos de antigamente, onde o humorista, o artista, tinha um pequeno tempo para entreter a platéia, enquanto o cenário para outro ato era modificado. E eles retransformaram isso, depois de beberem na fonte de grandes comediantes brasileiros, como Oscarito e Grande Otelo, entre outros. Assim, foram criando as formas que hoje são a grande força motriz dessa comédia brasileira. Os quadros são, até certo ponto, curtos. Quando piscamos o olho, já estamos apreciando outro quadro. E há música, dança, dublagens e cenas de platéia. Quase como um neo-Circo feito em um outro espaço, como é o caso do simpático Big Apple.
Então, é bom não perder a chance de conhecer e admirar o trabalho desses novos comediantes que pretendem sempre fazer aquilo que a imaginação manda, e, principalmente, sem medo do ridículo, uma vez que fazem o que todos gostariam de fazer e fizeram nas horas solitárias em que soltavam a voz no banheiro, por exemplo. Tanto que até homenagear a famosa Boy Band dos anos 80, o Menudo, eles fazem, com muita ironia e sarcasmo, já que agora aqueles meninos adorados pelas teens de outrora, perderam os seus cabelos e a barriga cresceu. O resultado: risos e mais risos, afinal, o lema é Não se reprima.
Ah, vale lembrar que depois ainda temos o DJ Alan para incrementar a noite, tocando flash back de primeira. Precisa dizer mais alguma coisa? Corra e garanta a sua reserva!

Afonso Caligari

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